Uso de anestésicos locais para tratamento dentário durante a gestação: segurança para a parturiente

Medicamentos administrados em pacientes gestantes podem ser transferidas para o feto através da placenta e afetá-lo. Portanto, quando um procedimento odontológico é realizado nesse grupo, os efeitos de qualquer medicamento administrado devem ser considerados para ambos, a mãe e o feto. Nesta revisão, o objetivo foi discutir o número de considerações que devem ser feitas para fornecer segurança e tratamento dental efetivo com o uso de anestesia local.

Revisão: gestantes podem passar por muitas mudanças durante a gestação, como mudanças psicológicas ou, até mesmo, na função cardíaca, endócrina, renal e hepática. Outro ponto de importância é a conexão entre a genitora e o feto, via placenta. Através dela, os nutrientes, gases e medicamentos com os quais a genitora entra em contato são transferidos ao feto, e os efeitos dessa transferência variam, dependendo da quantidade, do tipo de medicamento e da condição fetal.

Ao mencionar a severidade dos efeitos da anestesia local nos fetos, sabe-se que ela é determinada pela quantidade do anestésico local entregue através da placenta e que isso é influenciado não só pela quantidade de anestésico, mas também pela forma de administração (ex.: tópico ou injetável), pela presença de vasoconstritor (ex.: epinefrina), pela taxa metabólica e a meia-vida do anestésico local, do quanto o medicamento se ligou às proteínas plasmáticas etc. Nos anestésicos do tipo amida, esse último fator é muito importante, já que só os compostos que não se ligaram às proteínas plasmáticas são transferidos até o feto. Nesse sentido, a bupivacaína, teoricamente, tem os menores efeitos sobre o feto, sendo muito usada no campo da obstetrícia. Porém, em níveis tóxicos, ela leva à parada cardíaca com baixa chance de sobrevivência. Por essa razão, ela não é comumente usada em alta concentração nos tratamentos odontológicos.

A lidocaína é o anestésico local mais usado em tubetes odontológicos, a sua ligação proteica é menor do que da bupivacaína e a quantidade de lidocaína transferida ao feto é relativamente alta. Contudo, ao adicionar vasoconstritores à formulação, comumente a epinefrina, reduz-se a absorção e a toxicidade da solução, e os efeitos analgésicos são potencializados. Assim, os anestésicos são transferidos ao feto lentamente, e suas doses de segurança são aumentadas. Dessa forma, considerando que os anestésicos locais têm pequenos efeitos diretos sobre o feto, a lidocaína é relativamente segura para o uso em mulheres grávidas.

Por fim, foi apresentada a classificação da FDA proposta para uso nesse grupo de pacientes, de acordo com o risco de cada droga. Drogas da categoria A e B não são consideradas danosas aos humanos, sendo diferenciadas pela existência de testes em humanos (A) ou não (B). Drogas que possuem potencial risco de efeitos adversos sobre o feto (ex: teratogenia) em animais ou não existem estudos disponíveis sobre o assunto são classificadas como C. A categoria D inclui drogas sem evidência positiva de risco para o feto humano, mas os benefícios do uso em mulheres grávidas podem ser aceitáveis, apesar do risco. A categoria X não são recomendadas para uso em grávidas por já ter sido demonstrado em estudos que o uso provoca anomalias fetais e o risco não compensa o benefício.

As concentrações tóxicas de anestésicos locais são similares entre o feto e a genitora, e a potência da toxicidade dos medicamentos também. Ao usar anestésicos locais em pacientes gestantes, os efeitos dos anestésicos locais sobre esses pacientes e o feto devem ser considerados, e a dose dos medicamentos deve ser determinada cuidadosamente.

 

 

Em contrapartida, é abordado que um medicamento idêntico pode ter efeitos diferentes no feto e na gestante, dependendo do tempo de gestação. No primeiro trimestre, por exemplo, existe o maior risco de exposição do feto a efeitos teratogênicos, sendo recomendado o adiamento do tratamento dental para o fim desse período. Logo, a anestesia, dessa forma, seria mais segura no segundo trimestre do que no primeiro ou terceiro trimestres.

Conclusão: a lidocaína, que é o anestésico local mais comumente utilizado durante tratamentos dentários, está classificada dentro da categoria B e é considerado quase sem efeito negativo sobre a genitora e o feto. Além do mais, a probabilidade do uso de anestésicos locais em tratamentos dentários em pacientes gestantes, ao ponto de afetar negativamente ambos (paciente e seu feto), parece ser baixa. Os autores concluíram que gestantes que relataram ter desenvolvido condições médicas que possam lavar a complicações sérias são mais suscetíveis aos efeitos colaterais dos anestésicos locais, mesmo que nas doses geralmente administradas. Assim, a dose e o tipo de anestésico devem ser cuidadosamente determinados para este grupo de pacientes.

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