03 jun Esclarecendo as dúvidas dos pacientes sobre anestesia
Se você busca conhecer melhor sobre anestesia para paciente, esse artigo fala sobre isso. Nós dentistas, estamos acostumados a ouvir falar da anestesia local como uma etapa que causa receio em alguns pacientes. Sabemos que, apenas por causa disso, muitas vezes eles evitam iniciar o tratamento odontológico. Essa preocupação, em especial, se relaciona com o medo de agulhas e com os mitos sobre esse tema, frutos da má informação. Contudo, muitos de nossos colegas não estão preparados para desmitificar e tranquilizar os pacientes.
Para fortalecer a confiança do cirurgião-dentista ao encorajar esses pacientes, listamos as principais informações que podem ser passadas nesse momento:
1 – A anestesia é o método mais eficaz para inibir a sensação de dor
Os anestésicos locais injetáveis são substâncias seguras e estudadas há muitos anos no mundo todo. Com isso, a grande maioria dos procedimentos odontológicos exige anestesia prévia. Portanto, evitar a anestesia local significa inviabilizar muitos procedimentos e, consequentemente, negligenciar a saúde bucal e sistêmica do paciente. Atualmente, há diversas soluções anestésicas disponíveis para cada tipo de procedimento e paciente, tornando essa etapa da rotina clínica segura e efetiva.
2 – O anestésico tópico trará conforto para o paciente no momento da injeção
Na anestesia o paciente não precisa temer a famosa “picadinha” da agulha quando usamos um bom anestésico tópico, seguindo as instruções corretamente. Ele age no tecido mais superficial, onde a agulha será inserida, tornando essa sensação inicial imperceptível. Além da ação, esses anestésicos têm um agradável aroma, que muitos pacientes adoram e podem ser um diferencial durante o
momento da anestesia.
3 – O anestésico impede a percepção da dor, mas não interrompe o movimento.
Essa dúvida é muito presente no dia a dia do consultório. Para iniciar o efeito anestésico, a molécula do anestésico, como a Lidocaína, se liga às proteínas do neurônio transmissor de
estímulos sensoriais e impede a despolarização da membrana nervosa. Com isso, há o bloqueio da sensação de dor e de toque. Isso que dizer que o estímulo motor não é afetado. Isso pode acontecer apenas em casos, como por exemplo quando há formação de hematomas próximos ao nervo motor.
4 – Existe um protocolo de segurança a ser seguido
Quando precisamos iniciar um atendimento com anestesia, temos que fazer uma anamnese detalhada para conhecer melhor os pacientes. Sendo assim, devemos observar suas comorbidades, estilo de vida, consumo de medicamentos ou drogas, entre outros. Portanto, esse momento é crucial para a determinação da solução anestésica e da dose que será administrada durante os procedimentos em cada paciente. Alguns desses fatores são, inclusive, determinantes para a contraindicação de alguns sais anestésicos ou do uso de vasoconstritores, como a Adrenalina. O cálculo da dose depende do peso do paciente e da dose máxima recomendada por cada anestésico ou vasoconstritor. Caso o dentista tenha essa preocupação e siga os critérios corretos, o paciente não precisa esperar que nada de anormal aconteça.
5 – A anestesia ajuda a reduzir o sangramento
Um dos benefícios dos anestésicos que possuem vasoconstritor em suas formulações é o controle hemostático. Ou seja, o controle do sangramento durante o procedimento. Isso permite um campo operatório mais limpo e de melhor visualização. Dentre outras vantagens, o uso dessas substâncias também reduz o risco de toxicidade do anestésico local e aumenta a duração da anestesia.
6 – É possível anestesiar uma criança sem machucá-la
Já sabemos que hoje existem diferentes maneiras de se controlar o comportamento da criança durante as consultas. Para isso, os profissionais da Odontopediatria fazem uso de diversas
técnicas para conseguir avançar no atendimento. Nesse momento, é preciso evitar traumas ao paciente ou, mesmo, sem que seja necessário o entendimento dele a respeito. Entretanto, é necessário conquistar a confiança dessas crianças, o apoio dos pais e ter paciência em cada etapa.
7 – É normal o efeito da anestesia durar mais do que o procedimento
Desde já, mesmo que cada solução anestésica possua um tempo de duração, a dormência nos tecidos moles costuma ser bem mais longa do que a dental. Diante disso, ela pode durar algumas horas após a consulta odontológica. Ou seja, isso significa que é perfeitamente normal sair de uma consulta ainda se sentindo anestesiado e que, com as orientações corretas, esse fato não causará nenhum problema para o paciente. Um cuidado importante nesses casos é com os pacientes pediátricos, por exemplo. Portanto, como prevenção, deve-se selecionar um anestésico local de duração
apropriada para procedimentos mais curtos.
8 – A anestesia é uma aliada
A princípio o verdadeiro vilão do paciente é a doença instalada em sua boca. Eventualmente essa doença surgiu provavelmente em forma de cárie, problemas periodontais e perda de função. Ainda assim, sempre que o receio da anestesia no paciente for colocado acima do problemas na saúde bucal, o indivíduo estará fazendo uma opção. Ou seja, entre o risco de sentir uma dor aguda, inesperada e insistente, e a perda da qualidade de vida. No entanto, infelizmente muitos deles não são capazes de fazer essa relação entre saúde bucal e saúde sistêmica. No entanto, ela poderá distanciá-los de um tratamento mais simples, mais rápido e de menor custo. Sendo assim, com esses argumentos é possível esclarecer de forma simples e clara as dúvidas mais comuns dos pacientes quando o assunto é anestesia local.
Sendo assim, o cirurgião-dentista deve dominar o assunto e se atualizar constantemente no tema de anestesiologia. Principalmente, isso ocorre para validar toda a confiança transmitida aos pacientes previamente ao atendimento, como também para esclarecer os mitos comuns em sua rotina odontológica.
Departamento Clínico DFL
Referências:
1- Malamed, Stanley F., Manual de Anestesia Local, 7º ed, Elsevier Health Sciences, 2019.
2- Rosa AL, Sverzut CE, Xavier SP, Lavrador MA. Clinical effectiveness of lidocaine and benzocaine for topical anesthesia. Anesth Prog. 1999 Summer;46(3):97-9
3- Andrade, Eduardo Dias de. Terapêutica medicamentosa em odontologia: procedimentos clínicos e uso de medicamentos nas principais situações da prática odontológica. 3ª ed, São Paulo: Artes Médicas, 2014.