Anestesia local X Sedação

Anestesia local X Sedação no consultório odontológico

O tema “anestesia local X Sedação no consultório odontológico” é muito pertinente, pois, a ansiedade frente ao atendimento odontológico é um dos maiores obstáculos à saúde oral. Muitos são os pacientes que usam desculpas a fim de evitar as sessões odontológicas. As situações que podem gerar esta ansiedade e, consequentemente levar um paciente a recusar-se a ir ao dentista, são diversas e podem estar associadas a uma série de fatores, mas, com certeza, o medo da dor e de agulhas estão entre os principais.

Em 2016, Semenoff-Segundo e colaboradores, com o objetivo de compreender os motivos da sensação de medo relatada pelos pacientes em relação à consulta odontológica, observaram que mais da metade dos pacientes entrevistados disseram que a anestesia local caracterizava-se como um gatilho gerador de medo durante o atendimento.

Contudo, a anestesia local é um recurso inegável de controle da dor, sendo necessária em muitos dos procedimentos odontológicos invasivos, como, por exemplo, durante a endodontia. Chanpong e colaboradores, em 2005, avaliaram adultos canadenses e viram que 12,7% dos pacientes tinham medo do procedimento endodôntico, sendo esta porcentagem diminuída para 5,4% caso estivesse disponível a sedação. Isso mostra o quão interessante seria combinar sedação à anestesia local.

MÉTODOS DE SEDAÇÃO

Por isso, utilizar métodos de sedação não-farmacológicos, como relaxamento, musicoterapia, aromaterapia, verbalização, entre outros, são interessantes para deixar o paciente mais confortável durante o tratamento. Se o mesmo apresentar um grau de ansiedade elevado, vale a pena associar essas técnicas às medidas farmacológicas de sedação, como benzodiazepínicos, fitoterápicos e a mistura com óxido nitroso e oxigênio.

Andrade, em 2013, apresentou a definição de sedação mínima segundo a American Dental Association (ADA), demonstrando que a mesma não afeta a capacidade do paciente em manter-se responsivo nem interfere nos reflexos de respiração automática. A lei 5081/66 permite que o dentista realize a sedação em meio ambulatorial e se a escolha para realizar a sedação for um fitoterápico, o cirurgião dentista apenas precisa estar em dia com suas obrigações profissionais frente ao conselho.  Já se a escolha for um benzodiazepínico, é necessário que o dentista prescreva-o na notificação de receita, documento que acompanha a receita e é liberado pela vigilância sanitária do município. Enquanto que, para promover a sedação inalatória com a mistura de óxido nitroso e oxigênio, há a necessidade de que o profissional seja habilitado através do curso de capacitação técnica. Independentemente da técnica escolhida, a sedação proporciona um controle maior da sessão clínica, uma vez que, certamente, haverá também maior tranquilidade no momento da anestesia e, consequentemente, melhor controle da dor.

ANSIEDADE E DOR

Com o objetivo de investigar a relação entre ansiedade e dor em diferentes estágios do tratamento odontológico, Lin et al (2016) concluíram que avaliar o nível de ansiedade é uma maneira eficaz de controle da dor. Isso prova o quanto o limite entre ansiedade e dor é difuso, e, sabendo que a anestesia local é uma maneira de controle de dor, é válido também, associado a ela, realizar o controle da ansiedade.

Além das vantagens já citadas, sedar um paciente previamente ao atendimento resultará em um aumento do limiar de dor e, por isso, será menor o desconforto à punção da agulha, além de demandar o uso de uma quantidade menor de solução anestésica.

Afinal qual é melhor, Anestesia local X Sedação no consultório odontológico?

É fato que fazer com que o momento de aplicação da anestesia local seja tranquilo fará com que todo o restante da sessão ocorra de maneira mais confortável. Inclusive, esta é uma hora crucial também relacionada às emergências médicas. Malamed, em 1993, mostrou que o instante da anestesia local pode ser o causador de possíveis emergências, justamente por estar atrelado ao fato de ser um momento causador de ansiedade para o paciente.

Apesar de não fazer parte da rotina odontológica de muitos dentistas brasileiros, a sedação, se bem indicada, é uma estratégia muito interessante que visa proporcionar um atendimento mais tranquilo e seguro, trazendo grandes benefícios tanto para o paciente, quanto para o dentista, principalmente durante o momento da anestesia local.

Referências:

  • Andrade ED. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ª.ed. Artes Médicas. 2013.
  • Chanpong B, Haas DA, Locker D. Need and demand for sedation or general anesthesia in dentistry: a national survey of the Canadian population. Anesth Prog. Spring 2005;52(1):3-11. doi: 10.2344/0003-3006(2005)52[3:NADFSO]2.0.CO;2.
  • Lin CS, Wu SY, Yi CA. Association between Anxiety and Pain in Dental Treatment: A Systematic Review and Meta-analysis. J Dent Res. 2017 Feb;96(2):153-162. doi: 10.1177/0022034516678168. Epub 2016 Nov 16.
  • Malamed SF. Managing medical emergencies. J Am Dent Assoc. 1993 Aug;124(8):40-53.
  • Semenoff-Segundo A; Semenoff TADV ; Volpato LER; Vieira EMM ; Silva NF; Nobreza AMS; Borges AH. experiência do paciente em relação ao medo frente ao atendimento odontológico. Rev Odontol Bras Central 2016;25(72)


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